O tema sempre vem à tona no setembro amarelo, mês marcado pela prevenção ao suicídio.
O melhor remédio para prevenir o suicídio ainda é o diálogo. Mas que diálogo?
Já vi duas pessoas tentarem tirar a própria vida. Uma tomou
um caixa de remédios fortes misturados com uísque e deixou uma linda carta de despedida. Queria ir
para um outro mundo mais tranquilo, onde pudesse ser feliz. Foi socorrida a
tempo. Fez tratamento médico e hoje encontra-se bem, acredito eu.
A outra cortou os pulsos. Aquela cena do sangue jorrando não
me sai da cabeça. Na hora do desespero é tão difícil estancar. Tentou tirar a
vida mais de uma vez. Também foi socorrida, mas precisou ser internada. Fez um
longo tratamento psiquiátrico e hoje em dia afirma que jamais voltará a um
lugar como aquele em que esteve um mês confinada. Nunca mais teve recaída e nos
dias de hoje vive bem.
Em ambos os casos, ajudei a socorrer. E se essas duas
pessoas fizeram isso apenas para chamar atenção, eu não sei. Não sei e nem
sequer acredito que tenha sido isso.
Só sei que os especialistas no assunto, coisa que não sou,
dizem que a pessoa que tenta o suicídio quer matar o sofrimento e não a vida.
É essa vertente que acredito. A pessoa sofre. Sofre uma angústia
calada. Sofre tanto que chega ao ponto de partir para o extremo e cometer o ato
de desespero tentando tirar a própria vida. Faz por ânsia, e não somente para chamar
a atenção. Pelo menos é nisso que creio.
Depois de ver a tristeza profunda dessas duas criaturas, fiquei imaginando como eu não pude enxergar o sofrimento alheio a ponto de auxiliar a evitar tudo. Por um bom período, carreguei comigo um sentimento gigantesco de inutilidade. Precisei trabalhar isso na minha mente. Superar essa culpa que eu não tinha. Entender que eu não era responsável pelo bem-estar de outros indivíduos. Apenas pelo meu.
A maior comprovação de maturidade que podemos desenvolver é
entender que a felicidade é responsabilidade de cada um, que cada ser humano é responsável
pela sua. Ninguém mais. Então, nem eu nem essas duas pessoas no auge dos seus desesperos
poderíamos ou deveríamos colocar esse peso em cima de outrem. É egoísta, é duro,
é cruel, é forte concluir isso. Mas é a única verdade.
Porém, existe uma maneira simples de ajudar quem precisa. É
estar atento aos sinais. Isso está ao alcance de qualquer um.
Frases como: “Quero sumir deste mundo!”, “Estou cansado de
tudo.”, “Não tenho vontade de fazer mais nada.”, “Eu não posso fazer nada mais.”,
“Os outros são mais felizes sem mim.”, “Eu preferia estar morto.”, “Eu sou um
peso para os outros.”, “Vou deixar vocês em paz.” Enfim... Tantas outras frases
podem nos chamar a atenção para o desespero de uma pessoa. Precisamos ficar
atentos e procurar ajudar o quanto antes.
Por outro lado, quando já no momento fundamental de ajuda,
há frases que só pioram a situação como, por exemplo: “A sua vida é melhor que
a de muita gente.”, “Pense positivo.”, “Você tem que confiar em Deus.”, “Mas por
que você está pensando em se matar?”, “Eu também já pensei em suicídio, mas eu
sou uma pessoa forte e consegui superar isso.”, “Quem pensa em suicídio tem a
mente fraca”, “Você vai se matar por causa dele(a)? Não vale à pena.”, “Eu conheço
muita gente que já pensou em suicídio, mas não faz nada.”
No auge da crise, procure apenas escutar, dar ouvidos. Esse
é o melhor remédio. Sem prejulgamentos. Sem opiniões com superioridade de
pensamentos. Apenas ouça, abrace, faça um carinho. Não deixe essa pessoa
sozinha. Faça-se presente. Apenas um minuto salva uma vida.
Quanto tudo estiver mais calmo, então será o momento de
procurar ajuda de especialistas da área de saúde mental. Se precisar, acompanhe
a pessoa até os médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas.
Perceba que até aqui não citei Deus. Tenho uma fé imensa por
Deus. Ele se faz presente na minha vida a todo momento. Acredito que Ele é
minha fortaleza, meu alicerce.
Embora eu creio no poder inabalável do Pai, sou da vertente
que acredita que não é falta de Deus que leva as pessoas a atitude radical de partir
para o tirar a própria vida. Se fosse falta de Deus, padres, pastores, religiosos
não estariam entre as estatísticas. Mas, estão.
Então, sigo meu caminho tentando não julgar a atitude das
pessoas quando o assunto é suicídio. A verdade só elas sabem, só a elas cabe superar.
Permaneço na torcida para que esse assunto seja mais
difundido, mais trabalhado, menos abafado.
Que venham mais diálogos para orientar a todos sobre o suicídio
antes de as pessoas alcançarem o desespero extremo.
Fontes:
https://www.onvita.com.br/noticia/Frases-de-Alerta-Prevencao-ao-Suicidio